Costões Rochosos Texto por Camilla Caricchio
Costões rochosos são regiões de transição entre os meios terrestres e marinhos, apesar disso são considerados ambientes mais marinhos do que terrestre, pois seus organismos estão predominantemente relacionados ao mar. Os costões são formados por estruturas rochosas que se estendem desde o assoalho oceânico até alguns metros acima do nível do mar.
Ao longo da costa brasileira os costões estão distribuídos desde a Baía de São Marcos (MA) até Torres (RS), sendo mais comuns na costa sudeste, devido a proximidade da serra com o oceano Atlântico.
Podem ser paredões quase verticais, como o na Ilha da Trindade, ou aglomerados de fragmentos de rocha de pouca declividade como os da costa de Ubatuba. Um conjunto de processos químicos, físicos e biológicos modela a fisiografia desses ambientes, como batimento de ondas, ventos, chuvas, erosão, e incrustação. E os organismos que vivem nesses ambientes precisam estar adaptados a tais condições.
Os costões rochosos apresentam a maior densidade e diversidade de macrofauna dentre os ambientes de entre-marés. Eles oferecem substrato adequado para fixação de um grande numero de larvas de invertebrados fazendo com que haja um grande adensamento e um número diverso de espécies.
Entretanto, nos costões rochosos, por serem ambientes de entre-marés, existe uma variação diária de temperatura, salinidade que aumentam o stress dessa região. Além disso, durante a maré baixa os organismos mais acima da linha de maré baixa, ficam expostos e sofrem dessecação, e em costões expostos onde a energia de ondas é maior, os organismos precisam de adaptações para se fixar habilmente na rocha.
A depender das condições locais onde o costão está situado a distribuição dos organismos será diferente. Nos costões, existem faixas onde os organismos se distribuem horizontalmente de acordo com suas adaptações. A essa distribuição se dá o nome de zonação, essas faixas são bastante distintas entre si e pode-se notar a dominância de determinada espécie em cada faixa. Apesar de ser o aspecto mais notável num costão, não existe um padrão mundial para a distribuição dessas bandas, em cada costão as faixas são compostas de organismos diferentes. Em geral, o limite superior de uma faixa é determinado por fatores abióticos (dessecação, temperatura, etc) e o limite inferior é determinado por fatores bióticos (predação e competição). Por exemplo, as cracas são mais adaptadas a dessecação enquanto que o mexilhão é um competidor superior junto às cracas, logo a zona das cracas fica mais acima da linha d’água enquanto que os mexilhões ficam mais abaixo, onde fica menos tempo emerso.
Apesar de todo o stress que o costão oferece, ele tem uma grande disponibilidade de alimento, e como já dito anteriormente isso leva a um grande adensamento, e por conseqüência existe nesses ambientes uma verdadeira guerra por espaço. A competição por espaço é por muitas vezes o principal fator limitante nos costões. Portanto, os organismos de costões precisam também de adaptações para assegurar o espaço, como colonização rápida, epibiose; e deslocamento de organismos mais velhos.
Assim, os costões rochosos são ambientes com alta complexidade, diversidade e produtividade da zona costeira mostrando a importância de sua preservação.
Parque Estadual da Ilha Anchieta - Ubatuba, SP. Foto: Fabiana Carvalhal |
Costão rochoso com grande declividade. |
Referências Bibliográficas
CARVALHAL F. e BERCHEZ F.A.S. Costão Rochoso, a diversidade em microescala. Disponível em http://www.ib.usp.br/ecosteiros/textos_educ/costao/index2.htm. Acessado em 29 de novembro de 2009.