De acordo com a definição de Muehe (1994), as praias são depósitos de sedimentos, mais comumente arenosos, acumulados por ação de ondas que, por apresentar alta mobilidade, se ajustam às condições de ondas e maré atuando como um importante elemento de proteção do litoral. Ou seja, são ambientes compostos basicamente de água e areia onde a dinâmica de ondas e marés determinará sua estrutura e classificação.

A classificação de praias abrange diversos tipos de praias, onde tem-se em um extremo as praias reflectivas e noutro as praias dissipativas, cada tipo de praia tem uma ecologia própria.

 

PRAIAS REFLETIVAS são caracterizadas por se estabelecerem em regiões protegidas, com grande declividade, tamanho dos grãos maior, incidência de ondas sobre a face da praia, menor diversidade, são praias mais sensíveis à poluição pela baixa capacidade de dispersão de contaminantes e são ambientes que dependem do aporte de nutrientes externos para a sua manutenção.

 

Exemplo de praia reflectiva no Porto da Barra – Ba.

 

Exemplo de praia dissipativa em Alagoas. Fonte: Dominguez

 

PRAIAS DISSIPATIVAS são mais expostas, apresentam uma extensa região de quebramento de ondas, onde a energia vai se dissipando, com isso na face da praia a energia de ondas é baixa com granulometria mais fina e pouca declividade. Esse tipo de praia apresenta uma diversidade maior por apresentarem uma produtividade primária alta. Freqüentemente, encontram-se campos de dunas associados a este tipo de praia.

PRAIAS INTERMEDIÁRIAS abrangem todas as outras praias que ficam entre os extremos dissipativos e reflectivos. São praias com características mistas e que podem ser identificadas pela presença de correntes de retorno, como pode ser visto na foto.

 

Exemplo de praia intermediária, PE. Fonte: Dominguez

É importante lembrar que praias por serem ambientes dinâmicos não podem ser classificadas permanentemente como de um tipo. Eventos de tempestade, mudança no padrão de ondas, elevação do nível do mar, deriva de sedimentos podem ser fatores que fazem com as praias migrem de um tipo à outro.

A praia, independente de sua classificação, é dividida de acordo com o esquema abaixo:

Esquema de divisões de uma praia arenosa. Adaptado de MUEHE, 1994.

Os estudos em praias arenosas se iniciaram recentemente, antes se achava que esses ambientes eram sem vida, pois seus organismos são predominantemente infaunal, ou seja, vivem enterrados nos sedimentos e não apresentam tamanho e coloridos exuberantes. Esses animais somente se desenterram em eventos de submersão para se alimentar e reproduzir, tornando difícil sua visualização.

A macrofauna bentônica de praias arenosas apresenta uma distribuição em função da energia incidente sobre o fundo. Como mostrado no esquema abaixo, a relação entre energia e diversidade e biomassa é inversamente proporcional. A diversidade e biomassa tem um mínimo na zona de quebramento de ondas devido à alta energia do local, aumentando costa afora e costa adentro onde a energia diminui. As ondas dificultam a manutenção da macrofauna bentônica, atuando como fonte de stress e fator de controle na distribuição desses organismos nas praias arenosas.

Esquema de distribuição da macrofauna bentônica em função da energia.

 

MUEHE. Geomorfologia. 2ed, cap. 6, pp. 291: 1994.

 

LEVINTON, JS. Marine Biology: function, biodiversity, ecology. Oxford

University Press. 420p: 1995.

 

DOMINGUEZ, J.M.L. Notas de aula de processos sedimentares na zona costeira. Universidade Federal da Bahia: 2009.